sexta-feira, 30 de julho de 2010

CARTA AOS GREVISTAS - ATITUDE


Colegas grevistas, eu sou um grevista desde o dia 03/05/10. Não voltei a trabalhar nenhum dia, nem bati cartão. É a primeira greve de que participo. A cada dia aprendo mais.
Há grevistas que saem dos cartórios e ficam em casa. Outros participam das assembléias locais, outros das regionais, outros das estaduais. Nós, grevistas que participamos das assembléias locais, muitas vezes não conseguimos pôr em prática as deliberações. Sempre há uma diferença entre os grevistas, o que é natural, mas que torna muitas vezes impraticáveis as ações. Constatado isso, considerando que se nem o grevista que vai às assembléias age e muito menos o que fica em casa, tomei a decisão de agir.
Temos que fortalecer a ação do grevista, a pessoa que está fora dos cartórios e que tem a condição de dispor de seu tempo para as ações.
Claro que precisamos tirar mais gente dos cartórios, mas estou convencido de que, para isso, precisamos primeiro que todos os que estão em greve entrem em AÇÃO. Só assim quem estiver trabalhando vai ter um fato novo: O EXEMPLO DOS GREVISTAS.
Temos que tirar os argumentos dos colegas não-grevistas de que muitos servidores entram em greve para ficar em casa ou de que são apenas aqueles poucos que se reúnem em assembléia local. Eu tive colegas que saíram em greve, mas que depois voltaram a trabalhar, porque constataram que aqueles que os convenceram a entrar em greve nunca iam às assembléias locais. Percebi que tinham alguma razão. E nas assembléias locais ou não se resolvia nada ou, quando se resolvia, não era cumprido.
Para que serve a ação? Nem sempre sabemos o resultado de uma ação, mas com certeza a inação não produzirá muita coisa. Sou a favor de que o não-grevista seja convencido a parar de trabalhar, mesmo para ficar em casa, pois assim ele deixará de alimentar o TJ, que não poderá mais argumentar que a greve é fraca. Mas ao que já é grevista, que possivelmente tem mais convicção do que quem está trabalhando nos cartórios, cabe nesse momento um outro convencimento: É PRECISO AGIR.
Perguntei-me por estes dias se não seria a hora de eu me preparar psicologicamente para voltar a trabalhar, caso a greve terminasse, mesmo sem nossas conquistas. Foi nesse momento que tive a convicção de que eu sou grevista mesmo. E imediatamente percebi que eu não estava cumprindo o máximo do meu papel de grevista e resolvi tomar uma atitude: vou fazer o meu melhor como grevista.
O que é o meu melhor? Por enquanto estou escrevendo textos como este. Além disso, eu e mais alguns colegas, que também tiveram a mesma sensibilidade que eu, resolvemos, a partir de 15-07-10, ir para outras Comarcas, mesmo que em 5 ou 10 pessoas, para ajudar os grevistas locais a convencerem mais colegas a aderirem à greve. Nos dias 15 e 16, visitamos os Fóruns de Araras (após isso, três grevistas foram à Praça João Mendes no dia 21/07/10), Rio Claro, Cordeirópolis e Nova Odessa (manifestação na inauguração do Fórum). Na semana seguinte, visitamos os Fóruns de Americana (Regional), Moji-Mirim e Moji-Guaçu. Fomos financiados por nós e pelos colegas não-grevistas.
Pessoal, não é necessário que precisemos chegar ao cúmulo de nos confrontar com PM. Temos que tomar atitudes que justamente impeçam que seja necessário esse tipo de coisa. A pergunta O que é o meu melhor? pode ser respondida assim: vou escrever textos para a greve; visitar outras Comarcas; colar cartazes no Fórum; enviar sugestões para as Associações, etc.
Através de ações constantes, poderemos nos surpreender com os resultados, pois só podemos avançar para o 2º passo depois do 1º, para o 3º depois do 2º e assim por diante. Uma atitude leva à outra, que dela é diretamente dependente. Como você quer ganhar na loteria se nunca joga? Como você quer que a situação do servidor mude, se você nunca age. Se você age sempre do mesmo jeito, o resultado será sempre o mesmo, pois o resultado é que depende de suas ações, não essas daquele. Portanto, para que alcance um resultado diferente (reposição salarial), aja diferente. Será que dará resultado mesmo? Uma coisa de cada vez: dê o 1º passo, observe o resultado e, a partir das conclusões sobre ele, dê o 2º passo, e assim por diante. Temos que gastar algum tempo planejando e já partir para as ações.
GREVISTA, a palavra de ordem é: AJA!!!



ABORDAGEM - UNIÃO

Pessoal, tenho recebido muitas críticas de não-grevistas e até de grevistas a respeito da maneira como é feita a abordagem aos colegas nas assembléias ou nas entradas dos Fóruns. Há um descontentamento geral e a seguinte indagação: - Como o grevista quer que o não-grevista adira à greve através de uma abordagem agressiva?
Concluí que hoje não cabem mais as abordagens que incluam xingamentos (pelego, traíra, covarde, sem dignidade, sem amor próprio), tom intimidador (por quê você não adere, está com medinho?). Ao contrário. Eu e outros colegas de Limeira temos visitado outras Comarcas para falar com não-grevistas, cartório por cartório (pois quando os convidávamos para irem em frente do fórum, quase ninguém saía para nos ouvir), e decidimos fazê-lo com muita educação e respeito, pois temos a convicção de que somos uma categoria que precisa acima de tudo estar unida.
Temos sido recebidos muito bem. Mesmo sem saber se alguém irá aderir à greve após nossa visita, pelo menos pudemos perceber que todos estão a favor da greve.
O problema é que as pessoas ficam nos cartórios ou porque saíram bastante machucadas da greve de 2004, ou já estão pensando em prestar outros concursos, ou têm medo das punições do TJ, ou até já saíram de greve, mas foram obrigadas a trabalhar porque se sentiram sozinhas na luta. Os motivos podem ser os mais variados possíveis, mas a verdade é que eles existem.
Com abordagem agressiva, além de não conseguirmos mais adesão à greve, acabamos por desunir a categoria, o que é muito ruim, pois quando voltarmos a trabalhar, teremos uma relação de trabalho bastante dividida. Esta greve pode ser útil para pelo menos unir mais a categoria.
Apesar de todas as dificuldades que nós grevistas estamos enfrentando, se demonstrarmos que estamos dispostos a unir a categoria, mesmo com as diferenças, há uma chance de melhorar a adesão e, na pior das hipóteses, se não conseguirmos nada do TJ, pelo menos melhoraremos a relação com nossos colegas de cartório.
Vejo isso também como uma estratégia na busca por mais adesão ao movimento. Podemos batizar essa nova abordagem com o mesmo nome do nosso sindicato: UNIÃO.

(Publicado com a permissão do autor, ALEXANDRE PEDRO BOM, funcionário do JEC/JECRIM de Limeira )

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