segunda-feira, 10 de maio de 2010

UM TEXTO POUCO PERFUNCTORIO

REFLEXÃO

"Isso tudo acontecendo... e eu aqui na praça dando milho aos pombos."

"Caros colegas de trabalho", há 6 anos aproximadamente, de uma forma um tanto quanto melancólica e desrespeitosa para com os servidores, o Presidente do maior Tribunal do país, zerou os seus débitos trabalhistas com os créditos dos seus próprios funcionários, ( Férias, Licença-Prêmio e FAM) direitos estes conquistados ao longo de vários anos de TRABALHO e dedicação, dando um verdadeiro "passa moleque" em todos os servidores que participaram da mais longa greve já protagonizada pelo judiciário paulista. Desmoralizado perante a opinião pública, decidiu que a reposição dos dias de paralisação seria efetivada com o débito do dinheiro que o próprio Tribunal de Justiça DEVIA E AINDA DEVE a seus funcionários. Acredito que alguns fatores foram preponderantes para que tal fato ocorresse, dentre eles posso destacar o "Relacionamento" e o "Medo", esses ingredientes, hoje se apresentam novamente à nossa frente de uma forma escancarada, fazendo com que repensemos os nossos posicionamentos, pois mais uma vez fomos levados a acreditar que desta vez seria diferente, mas quanta ingenuidade, que ledo engano acreditar nas pessoas que compartilham 1/3 ( um terço) de seus dias com você, quiçá 1/3 ( um terço) de suas vidas. "Caros colegas de trabalho" precisamos aprender a fazer escolhas e fazê-las de maneira acertada. Diante de tão triste situação reflito e me pergunto:

Como pode alguém se eximir das responsabilidades que lhe cabe, dando as costas ao colega que está em greve, dizendo que vai esperar o movimento paredista se fortalecer para aderir à greve?!

Como pode deixar um colega de trabalho lutar por você, por seu filho e por sua família?!

Como pode um colega de trabalho encarar o seu "par" como se um oponente fosse ( é assim que nos sentimos) sendo que a luta é de todos?!

Como pode olhar para o seu colega de trabalho sabendo que existe uma dívida moralmente impagável?!

É com profunda tristeza que constato que é preciso RECONSTRUIR RELACIONAMENTOS, que tenham como base a autenticidade, a lealdade, o companheirismo, o comprometimento, e acima de tudo a amizade, que a meu ver é o ingrediente fundamental que está faltando nessa luta, que é de todos, mas que somente alguns assumem. Algumas pessoas vivem curvadas sobre o peso de um sentimento muito ruim, o "MEDO", medo de não ter feito, de ter sucumbido a pressões, de ter desistido sem nunca ter tentado, de fazer do cargo um escudo protetor. A estes, e aqui eu enquadro justamente vocês "caros colegas de trabalho", fica toda nossa indignação e tristeza, perdem a chance de mostrar que não se pode ser subserviente uma vida inteira, perdem a oportunidade de dizer que respeito e dignidade, se conquistam com luta, coragem e tenacidade. A vocês dedico esta pequena mensagem: "PIOR QUE O MEDO DE SER PUNIDO, É A VERGONHA DE NÃO TER LUTADO".( Frase de uma das faixas da greve de 2004) Mas, você colega, que decidiu ser um VENCEDOR, pense e aja como tal. Observe a palavra vencedor. Separe a palavra VENCE de DOR, pois bem, é fazer aquilo que é difícil de ser feito e enfrentar aquilo que é difícil ou até mesmo aparentemente impossível. Existem inúmeros exemplos de pessoas que lutaram contra as dificuldades impostas pela vida e venceram, pessoas que, mesmo sem ter as condições ideais, romperam com a mesmice, não aceitaram as regras impostas, superaram as mais diversas situações e venceram. Quando analiso detidamente a vida dos companheiros que lutam durante a greve compreendo que não é fácil, mas percebo que a cada dia, construímos histórias maravilhosas de vitórias que servem e continuarão servindo de estímulo para que não desistamos.

Caros colegas de trabalho, esta greve traz à baila O ASSÉDIO MORAL E O DESRESPEITO, que sofremos e sentimos, os efeitos da opressão no ambiente de trabalho, que se baseia na repetição ao longo do tempo, expondo-nos a situações vexatórias e constrangedoras, explicitando a degradação deliberada da falta de condições de trabalho, em que o oprimido se vê sem chances de lutar contra o opressor, pois depende dele para o seu sustento e muitas vezes de toda sua família, mas pense e reflita:

Existe um momento na vida de todos nós que temos de enfrentar situações para provar que somos realmente capazes, a todos que sofrem os efeitos desta luta, aqui vai o meu recado:

SER UM VENCEDOR É VENCER A DOR.

Osvaldo Cruz, 05 de maio de 2010.

Paulo Eduardo Rosa Fochi / Edson Luís da Silva

Escreventes Técnico Judiciário - Osvaldo Cruz, SP

(texto extraìdo do site da assetj : http://www.assetj.org.br/portal/index.php?secao=lendonews&taskCat=4&taskNot=2902

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